1. Acessar a internet livremente
Você que passa horas navegando na web e adora falar mal do governo
pelo Facebook, jogue as mãos para o céu e agradeça por morar no Brasil.
Durante o regime de Hosni Mubarak, o Egito não censurou diretamente a
internet, mas manteve seus principais blogueiros e críticos do governo
sob constante vigia. Mubarak caiu, mas a prática continua. Pessoas têm
sido perseguidas, ameaçadas e até presas por criticar os rumos do país
na web, segundo um relatório do Reporters Without Boarders de março de 2012.
Outro país com restrições é o Irã. No começo do ano, quando a Revolução Islâmica completou 33 anos, o acesso a contas de e-mail e redes sociais foi cortado. Havia boatos de que protestos contra o governo estavam sendo organizados na época. No dia 25 de setembro, vários jornais internacionais divulgaram que o país parece já ter as bases técnicas para criar uma rede online nacional.
Os iranianos teriam, então, sua própria rede de internet, separada da
web que o resto do mundo usa. E isso, obviamente, só aumentaria o
controle sobre as informações que podem ser acessadas no país.
2. Beber cerveja
Várias passagens do Alcorão afirmam que todos os produtos
intoxicantes são proibidos. Por isso, países como Líbia, Irã, Paquistão e
Arábia Saudita tornaram as bebidas alcoólicas ilegais. Na Arábia
Saudita, você só conseguirá consumir álcool se for um diplomata
estrangeiro. Ou se arranjar uma garrafa com um contrabandista. Há
décadas, os líbios só conseguem beber cerveja ou vinho assim: comprando
no mercado negro. E no Irã, onde o mais comum é produzir a própria
cerveja em casa, a punição para quem é pego bebendo não é nada leve: são
80 chicotadas.
PUTZ TODO FINAL DE SEMANA IA LEVA 80 CHICOTADAS KKKK
3. Namorar
Muçulmanos não podem ter nenhum tipo de intimidade com pessoas do
sexo oposto de fora da família antes do casamento. Nada de tirar um
tempo para conhecer melhor o pretendente, nada de criar intimidade antes
do casório. A escolha do marido ou esposa segue o padrão do Islã: é a
família quem decide, depois de muito planejamento e ponderação, sem
estar sob o efeito da agitação dos hormônios dos jovens.
Apesar de “mortes por honra” serem ilegais na Arábia Saudita, quase
não há condenação a esse tipo de assassinato. No Paquistão, as coisas
melhoram um pouco: sexo fora do casamento não é mais punido com a morte,
mas com uma prisão de até 5 anos. No Irã, uma pessoa solteira que fizer
sexo pode levar 100 chicotadas.
4. Dirigir carros (se for mulher)
Em setembro de 2011, as mulheres da Arábia Saudita conquistaram um
direito básico: o de poder votar e concorrer às eleições locais pela
primeira vez. Não que a gente possa se gabar. Mulheres brasileiras só
puderam votar em 1932. Agora, as sauditas tentam quebrar outra barreira
para sua independência: poder dirigir um automóvel.
No ano passado, Manal al-Sharif, de 32 anos, foi presa apenas por ter
divulgado um vídeo em que dirigia. Outra mulher, identificada apenas
como Shema, foi condenada a 10 chicotadas por ter desrespeitado a ordem
de não dirigir. Essa restrição é feita pelos religiosos muçulmanos. E o
mais chocante é que não existe uma lei escrita que proíba a ação no
país. Mesmo assim, as punições contra quem descumpre a regra são feitas
de forma oficial, como a prisão de Manal.
5. Viajar desacompanhada (se for mulher)
Nos Emirados Árabes, um país mais liberal, as mulheres podem dirigir.
A proibição fica por conta das passageiras. Uma moça só pode pegar um
táxi sozinha em Dubai se outra estiver ao volante. Na Arábia Saudita, as
mulheres sofrem diversas restrições: não podem escolher as próprias
roupas, não têm direito sobre o próprio corpo e não podem viajar sem a
permissão do marido ou pai. Esta última regra é tão rígida que está
afetando até estrangeiras que chegam ao país. Quase mil peregrinas
muçulmanas vindas da Nigéria foram detidas esta semana pelas autoridades
sauditas por estarem sem acompanhantes. As mulheres, que tinham como
destino a cidade de Meca, estão sendo ameaçadas de deportação.
6. Raspar a barba
Se você é do tipo que reclama sempre que tem que fazer a barba, pense
duas vezes na próxima vez. Em alguns países islâmicos, a prática é
reprovada e pode gerar até perseguições religiosas. Segundo algumas
interpretações do Alcorão, o ato de raspar a barba é pecado. No Egito,
religiosos muçulmanos que seguem essa linha estão em uma campanha
informal para convencer os barbeiros a deixar de oferecer o serviço. O
barbeiro Bahaa Shaaba contou ao site Egypt Independent
que seu estabelecimento foi invadido por homens que lhe acusaram de
pecador e disseram que ele pagaria por isso no dia do julgamento.
Depilar o rosto ou arrancar os pelos que estão sobrando também não é
de bom tom. Mas, se depender de alguns barbeiros, a prática deve
continuar. “Para ser honesto, ficamos com medo de ir para o inferno e
paramos de barbear as pessoas durante uma semana. Então, percebemos que
íamos falir, e voltamos a fazer o serviço”, disse Shaaban.
7. Ler o livro que você quiser
“A imprensa é livre para expressar sua opinião, desde que ela não
seja contra a fundação do Islã ou dos direitos das pessoas, e a lei vai
explicar os detalhes”. Esse é o artigo 24 da Constituição da República
Islâmica do Irã. Na prática, esses detalhes proíbem, entre outras
coisas, qualquer obra que crie uma atmosfera de perda dos valores
nacionais ou de valorização da cultura ocidental.
Você já sabe o que aconteceu depois: diversos livros foram banidos do
Irã. Entre eles, alguns best-sellers, como “O Código da Vinci”, de Dan
Brown, e algumas publicações políticas importantes como “O Contrato
Social”, de Jean-Jacques Rousseau. Além disso, escritores conceituados,
como Gabriel García Márquez e seu livro “Memória de Minhas Putas
Tristes”, estão banidos. Ah, “O Zahir”, do brasileiro Paulo Coelho
também está na lista dos proibidos.
8. Ser gay, lésbica ou bissexual
Mesmo com todo o preconceito que ainda existe com os homossexuais no
mundo ocidental, ainda estamos na frente de muitos países islâmicos
neste tema. O Islã deixa sua posição sobre o assunto bem clara: a
homossexualidade é proibida. As explicações variam. Alguns afirmam que
isso distorce a ordem natural na qual Deus criou os seres humanos.
Outros dizem que isso leva à destruição da família e da instituição do
casamento. As duas justificativas se parecem bastante com o argumento
dos religiosos cristãos contra os gays. Mas pode ser pior.
No Líbano, onde a homossexualidade é ilegal, 36 homens foram presos e torturados porque estavam em um cinema pornô-gay
no começo de agosto. No Afeganistão, a orientação sexual também dá
cadeia. Sudão e Arábia Saudita têm pena de morte para a os gays. Mahmoud
Ahmadinejad, presidente do Irã, onde também há a pena de morte nesses
casos, declarou em entrevista a CNN
nesta semana que a homossexualidade é “um comportamento muito
desagradável” proibido por “todos os profetas de todas as religiões e
todas as fés”.
FONTE: EDITORA ABRIL