29 dezembro 2011

10 lendas urbanas dos anos 80.

A SURPREENDENTE E MORTAL AGULHA INFECTADA

 Parece nome de filme de terror protagonizado por mulheres que gostam de tricotar, mas se refere a um mito que também parecia onipresente: o da agulha na poltrona de cinema (ou de teatro ou no banco do ônibus). Dizia a história que alguém havia sido espetado ao sentar-se e pouco depois descobriu estar infectado com aids ou alguma outra doença mortal.

XUXA, A BONECA ASSASSINA
 Tudo bem que a versão brinquedo da rainha dos baixinhos era horrenda de feia — pernas e braços molengas e dimensões do corpo meio esquisitas. Mas, poxa, precisavam inventar que a coitadinha era assassina? Dizia a lenda que, na calada da noite, a boneca arranhava crianças até a morte. O mais curioso é que o mito surgiu antes que lançassem o filme “Brinquedo Assassino”, estrelado pelo desgraçadamente mau Chucky. Existia também uma versão em que, no lugar da Xuxa, a vilã era a boneca Amiguinha.

 A GANGUE DOS PALHAÇOS DA KOMBI BRANCA
 Muita gente fica tensa até hoje diante de palhaços ou quando uma Kombi branca se aproxima. Segundo o mito, era a bordo de um dessas veículos que um grupo de colegas de profissão do Bozo fazia miséria: circulava pelas cidades sequestrando crianças para roubar órgãos e vendê-los no mercado negro. Depois devolviam só a carcaça para a pobre coitada da mãe.

 DOMINGO NO PARQUE, VERSÃO COBRA

 Poderia ter acontecido de verdade? Poderia. Mas é no mínimo suspeita a quantidade de versões que se espalharam por cidades bastante distantes. Do que se trata: da terrível história de uma criança que entrou num brinquedo de parque de diversões (carrinhos de bate-bate, piscina de bolinhas…) e morreu porque ninguém reparou que havia ali uma cobra venenosérrima.


MENSAGENS SECRETAS (DO DIABO) NOS DISCOS 
 Traço bizarro dos anos 80: era só alguém fazer muito sucesso e, pronto, inventavam que havia feito pacto com o coisa ruim. Da Xuxa (putz, de novo ela) aos Menudos, passando pela fofinha Turma do Balão Mágico, poucos escaparam do boato. E aí o desdobramento natural era que músicas dessa galera continham mensagens satânicas subliminares, que podiam ser descobertas se os discos fossem ouvidos de trás para a frente. Imagine a quantidade de vitrolas quebradas por gente que tentou tirar a prova!

 DOCES MISTURADOS COM DROGAS

Camelôs de porta de escola injetavam cocaína na calda do chiclete Bubbaloo, misturavam com o pozinho do Dip n’ Lik… Tudo para viciar a meninada e alavancar o comércio de doces. Era esse o mote de mais uma lenda que, a exemplo do caso da cobra no parque, poderia acontecer de verdade. E meio aconteceu: no Rio de Janeiro, no fim da década de 80, foram apreendidas balas Van Melle com drogas dentro. Só que o motivo, em vez de “fidelizar” a clientela infantil”, teria sido sabotagem de uma empresa concorrente.

 A FACA DO FOFÃO

Quase uma versão masculina da história da Xuxa, só que ainda mais maligna. Alguém resolveu inventar que o boneco do Fofão vinha com uma faca escondida no corpo e que ele hipnotizava as crianças para abri-lo e fazer miséria com a lâmina — quer dizer, cortar dos pais aos amiguinhos. Péssimo.

 A LOIRA DO BANHEIRO
 Certamente começou antes da década de 80 e, até hoje, continua a assustar a criançada. Uma das dezenas de versões contava que uma aluna gostava de cabular aula no banheiro, escorregou, bateu a cabeça e morreu. Inconformada, assombrava sanitários dos colégios — como se não houvesse NADA melhor para fazer no além. A história ganhou toques diversos conforme as regiões do Brasil: em umas a garota fantasma aparece depois de três descargas, em outras se falassem “loira do banheiro” três vezes em frente ao espelho, e daí por diante.

 OS TENEBROSOS QUADROS DE CRIANÇAS CHORANDO

Olhe para estas carinhas. Não são de partir o coração? Pois dizia a lenda urbana que o motivo do pranto dos menininhos do quadro era — olha ele aí de novo — o diabo. Diz a história que, entre os anos 70 e 80, um pintor italiano chamado Giovanni Bragolin (que seria codinome de um tal Bruno Amadio) pintou 27 telas de crianças chorando. A série virou um megassucesso em vários lugares do mundo. Daí surgiu um boato de que o artista tinha vendido a alma, e que haviam ocorrido inexplicáveis incêndios em casas de proprietários das pinturas. Uma das supostas provas seria facilmente visível para quem virasse o quadro de cabeça para baixo: apareceria uma mão demoníaca apertando o pescoço da criança. Não, a gente não vai testar a sorte girando no Photoshop, ok?


O BEBÊ DIABO DO ABC E SUAS PREVISÕES CATASTRÓFICAS

Em Sete Lagoas, Minas Gerais, um show da banda Calypso foi um fracasso de público por causa de uma versão desse mito. Das mais de 30.000 pessoas esperadas, apenas 13.000 compareceram, temerosas da profecia de um recém-nascido. A história: numa maternidade local, uma mulher havia dado à luz um bebê capeta.
— Que criança feia! — teria exclamado uma enfermeira.
E o dito cujo, de pronto:
— Feio é o que vai acontecer no show do Calypso.

O caso é de 2006, mas versões da lenda pipocam país afora desde pelo menos a década de 70, quando o jornal sensacionalista “Notícias Populares” — publicado entre 1963 e 2001 — criou uma série de manchetes com o nenê monstro. Nos textos, relatava que o infante das trevas havia nascido em São Bernardo e aterrorizava geral com chifres e rabo e o dom de soltar fogo pela boca.

FONTE: EDITORA ABRIL